Ambiente organizacional, cultura e propósito como fator de sucesso nas organizações.

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Escrito por Adriana Mendes

Comumente o profissional formado em administração é muito julgado. Há uma crença coletiva, inclusive entre esses profissionais, de que não foi uma escolha de carreira, mas falta de perspectiva clara do real papel de um administrador de empresas e esse julgamento recai, inclusive, no reconhecimento correto do profissional pelo mercado. E não se engane, essa crença encosta em você, que exerce papel de liderança, responsável por decisões e ações que impactam ambiente, resultados e operações, seja qual for sua formação. 

 

Ocorre que, ao contrário do que se pensa, administração não é sobre ter poder sobre todos e mandar em tudo com conhecimento superficial sobre várias coisas e não ser especialista em nada. O peso de um administrador, seja de formação, seja de atuação dentro de um sistema empresarial, vai além do poder. As pessoas ambicionam a liderança, mas não querem ou ignoram, no sentido literal da palavra, a responsabilidade que vem com esse poder. Ser administrador é ter conhecimento suficiente sobre mercado e profissões que compõem uma empresa sim, mas exclusivamente porque são profissionais de humanas, especialistas em pessoas, que atuam por pessoas, orientam e desenvolvem pessoas e, por isso mesmo, através da seleção de conhecimento, orientação, desenvolvimento e capacidade de engajar diferentes profissionais, perseguem e alcançam resultado para a empresa, sociedade e economia de atuação. Esse profissional em posição administrativa e, portanto, com poder de decisão em menor ou maior escala, seja qual for a formação dele, impacta mais do que imagina. Estar num cargo de gestão não deve ser por mera vaidade ou exclusivamente por avanço e desenvolvimento próprio, pois isso traz dificuldades para entender a magnitude da responsabilidade que está assumindo. Parafraseando o tio do Peter Parker de Home Aranha na icônica cena de sua morte, “com grandes poderes, vem grandes responsabilidades”.

 

Em geral, a maioria dos profissionais, administradores ou não, em cargos de gestão e com poder de decisão acredita que tem boa visão sistêmica sem de fato entender essa competência. Quando se é gestor de uma equipe de 6 pessoas, você não manda nelas, você é responsável por elas, pelo desenvolvimento delas, pelo crescimento delas e isso é proporcional ao cargo que ocupa. Você potencializa seus conhecimentos, organiza a aplicabilidade desse conhecimento, orienta suas ações e as direciona a um resultado. Se será positivo ou não, grande parte da responsabilidade é inteiramente sua. Essas são as dores e delícias da posição de liderança.

 

Quanto mais você ascende profissionalmente, maior sua abrangência e impacto sistêmico, portanto, maior sua responsabilidade pelas consequências e resultados de suas decisões e ações.

 

As pessoas não trabalham por amor, trabalham por recurso e, com sorte, às vezes conseguem casar ambas motivações. Através da força de trabalho, uma pessoa atende a necessidades básicas. Trazendo a teoria das necessidades de Abraham Maslow para o jogo, isso significa que essas necessidades uma vez atendidas, deixam de ser necessidades e passam a ser condição mínima, isso é, estamos em constate busca por autorrealização, crescimento, desenvolvimento, segurança e senso de pertencimento.

 

Mas como gestão, cargo de liderança e poder atribuído ao cargo que ocupamos se relaciona ao desenvolvimento organizacional de uma empresa?

 

No livro, Be our guest: perfecting the art of customer service, Disney Enterprises, 2001 (O jeito Disney de encantar os clientes, publicado em português em 2011 pela editora Saraiva), da primeira à ultima página, é possível constatar pontos importantíssimos que explicam, validam e atestam o porquê do sucesso da empresa e sua resistência ao tempo: propósito bem definido, missão clara, objetivos precisos, valores bem fundamentados e difundidos e, o fator de sucesso, o investimento expressivo em treinamento e desenvolvimento de seus colaboradores.

 

 

“Você pode achar que o Walt Disney World paga um bônus para funcionários extraordinariamente corteses e amigáveis ou que os membros do elenco na verdade são robôs fabricados utilizando alguma fórmula secreta elaborada pelos imagineers da Disney. Na verdade, os membros do elenco são contratados no mesmo mercado de trabalho acessado por qualquer outra organização e recebem salários justos. O método não tão secreto pelo qual as pessoas são transformadas em membros do elenco do Walt Disney World pode ser encontrado na forma como elas são treinadas.”

O jeito Disney de encantar os clientes, Disney Enterprises, 2011, pág. 55

 

Colocar pessoas como principal recurso no alcance de metas e consequente sucesso da empresa é uma das principais estratégias de grandes corporações no Brasil e no mundo. No livro, Feitas para durar: Práticas bem-sucedidas de empresas visionárias, edição de 2020], Jim Collins e Jerry L Porras comparam grandes empresas atemporais e de sucesso com suas concorrentes que, apesar de serem contemporâneas, atuarem no mesmo segmento, buscando os mesmos clientes, tiverem resultados absolutamente distintos. O livro ressalta a importância de líderes visionários, com visão estratégica, que anteveem tendências, criam futuros e se reinventam, mas para que suas ideias fossem colocadas em prática, com êxito e bons resultados, precisaram recorrer a uma cultura difundida, orientada por valores fundamentados e comungados de forma generalizada, investir em pessoas, desenvolvê-las, tornar um objetivo comum para que abraçassem o desafio com ferramentas para encará-los de frente, de forma engajada e otimista. São decisões e movimentos de líderes que transformam pessoas. São pessoas que transformam resultados. O retorno a esses líderes foi transformá-los em referências no que tange gestão estratégica de empresas de sucesso através de alta performance, fazendo deles profissionais valiosos no universo do trabalho. O crescimento individual não só acompanha o coletivo, como também depende dele.

 

“Desafiar as probabilidades, propor-se grandes desafios — especialmente se estiverem enraizados em uma ideologia — contribui bastante para o senso de pertencimento das pessoas a algo especial, exclusivo, diferente e melhor do que qualquer outra coisa.” Feitas para Durar Práticas bem-sucedidas de empresas visionárias:  Collins e Porras, 2020, pag. 184

 

A importância do ambiente de trabalho transcende o mero espaço físico onde as atividades laborais são realizadas. Ele abrange uma ampla gama de elementos, incluindo a cultura organizacional, o clima interno, as relações interpessoais, as políticas de recursos humanos e até mesmo as condições físicas do local de trabalho. Em sua essência, o ambiente de trabalho influencia diretamente o bem-estar dos colaboradores, a produtividade, a motivação e o desenvolvimento de talentos. A transformação desse ambiente e sua constante adaptação a um mercado cada vez mais volátil, incerto, complexo e ambíguo [Mundo VUCA] depende de pessoas transformando pessoas. A abordagem darwiniana é cada vez mais exigida dentro da estratégia empresarial e antecipar-se às tendências de forma estratégica, transparente e inclusiva fortalece cultura, resistência a adversidades, confiança dos colaboradores na capacidade de tomada de decisões acertadas dos líderes da empresa e consequente fidelização dos melhores profissionais, nivelando o coletivo para cima, pois se sentem parte da equação e, portanto, comprometidos com a companhia e responsáveis pelos resultados.

 

No contexto da economia brasileira, o ambiente de trabalho desempenha um papel crucial, especialmente por se tratar de um país tão diverso onde as disparidades regionais são evidentes. Nas regiões com maior concentração de negócios e investimentos, como as grandes metrópoles e os polos industriais, a competição é acirrada e as demandas por talentos qualificados são altas. Voltando ao livro, O jeito Disney de encantar os clientes, contratar profissionais dispostos e desenvolvê-los torna-se o fator de sucesso de uma empresa. Aqui, um ambiente de trabalho positivo, estimulante, em que há uma percepção de valia, pertencimento e desenvolvimento individual para ganho coletivo, pode ser um diferencial competitivo para as empresas na atração e retenção de talentos.

 

Por outro lado, em regiões menos desenvolvidas economicamente, onde a oferta de empregos é mais limitada e as oportunidades de crescimento profissional são escassas, o ambiente de trabalho assume uma importância ainda maior. Nestes locais, investir em um ambiente laboral que promova o desenvolvimento pessoal e profissional dos colaboradores pode ser uma estratégia crucial para impulsionar o crescimento econômico local e reduzir as desigualdades sociais, além de promover uma cultura de pertencimento em que os colaboradores se veem como parte do ambiente e, portanto, responsáveis pelo crescimento, resultando em sucesso dessa “sociedade” como um todo.

 

Globalmente, as economias mais avançadas reconhecem a relevância do ambiente de trabalho para o sucesso organizacional. Conceitos como cultura organizacional inclusiva, flexibilidade no trabalho, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, liderança inspiradora e desenvolvimento de habilidades são amplamente aplicados em grandes empresas e instituições ao redor do mundo.

 

Portanto, tanto no Brasil quanto em outras partes do mundo, a criação de um ambiente de trabalho saudável, inspirador e propício ao desenvolvimento de talentos é essencial para impulsionar a produtividade, a inovação e o crescimento econômico sustentável. Investir nesse aspecto não apenas beneficia as organizações individualmente, mas também contribui para o progresso social e econômico como um todo.

 

Sobre Adriana Mendes

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Especialista em treinamento e desenvolvimento, com foco em liderança, equipes de alta performance, negociação e influência. Sua formação acadêmica abrange administração e múltiplos MBAs, trazendo uma base sólida de e expertise para seus projetos e clientes. Seja impulsionando líderes, equipes ou refinando habilidades de negociação, Adriana oferece soluções personalizadas e eficazes para ajudar indivíduos e organizações a alcançarem seus objetivos de forma estratégica e impactante.