Você já fez o benchmarking da sua vida?
Escrito por Gabriela Nunes
Olá! Se você já leu algum texto meu já deve saber que eu adoro desafiar conceitos tradicionais e/ou encontrar outras funções para eles. Esse é mais um texto desse tipo.
Normalmente aprendemos que se quisermos ir mais longe em nossa carreira precisamos desenvolver uma boa rede de contatos. Fazer networking é uma maneira de ter contatos em diversas empresas, diversos segmentos, conhecer pessoas que podem nos conectar com outras pessoas ou oportunidades, compartilhar ideias e conhecimentos. Para muitas pessoas é um grande desafio cultivar esta rede e para outras é quase que natural. Acontece no automático. O detalhe que não é detalhe e sim o mais importante, é que para essa rede funcionar bem, é necessário que o interesse e boa vontade seja recíproco. No mundo adulto é assim: recebemos o que damos.
Pois bem. Quando falamos de benchmarking em via de regra pensamos na conexão entre empresas. Se você não está familiarizado com o processo, vou explicar.
O benchmarking funciona mais ou menos como um processo de comparação de boas práticas, de operações, produtos, serviços, atendimento, e o que mais foi interessante. Empresas analisam outras empresas que são referência no seu próprio segmento, ou outros segmentos, mas desde que sejam “empresas de classe”. Quando é consensual para o mercado que uma determinada empresa realmente é a melhor do segmento, essa empresa passa a ser benchmark para as demais.
Traduzindo para o francês: As empresas se inspiram em empresas referência para poderem identificar falhas ou oportunidades nos processos internos, para buscar melhorias e consequentemente alavancar seus resultados, e até mesmo criar as suas próprias estratégias para fazer tudo diferente e inovar.
Você consegue ver a diferença entre networking e benchmarking? Bem, eu que sou da área de comunicação, interpreto a diferença com o seguinte olhar: Networking = falar mais e benchmarking = escutar mais. Isso porque o objetivo do networking é compartilhar informações e criar relacionamentos, e o objetivo do benchmarking é aprender e reaprender.
E por que então não usar o benchmarking na nossa vida pessoal? Você deve estar pensando aí: Gabi, não seria a mesma coisa de mentoria? É parecido, porém com ressalvas.
Na mentoria você escolhe um profissional ou mesmo algum conhecido para dar insights sobre como você poderia agir/fazer/(qualquer outro verbo) em determinadas situações. Comumente é estabelecido um relacionamento próximo, o que pode impactar em imparcialidade e subjetividade.
No “benchmarking pessoal” não há espaço para opiniões subjetivas pessoais, e sim é a narrativa de como é ou como foi. Nesse caso, você apenas tem conhecimento sobre o que a “pessoa referência” fez/escolheu/(qualquer outro verbo) e você faz uma análise sobre o que você pode e quer extrair dessa ação.
Você é bom. Você é inteligente e capaz, mas muitas pessoas vieram antes de você e elas também foram inteligentes. Então, que tal ter a humildade de buscar aprender com a experiência dos que já vivenciaram nossos desafios?
Nós vivemos a maior parte da nossa vida no modo automático, e raras são as oportunidades que temos para nos confrontarmos sobre temas tão importantes. Este é o momento que você pode aproveitar para realinhar a sua rota.
Por onde você pode começar? Como fazer? Por que fazer? Confira abaixo:
A minha sugestão é você fazer uma planilha com 5 colunas: Como é | o que eu gostaria de mudar | como eu quero que seja | em quem posso me inspirar | pontos que preciso desenvolver.
1) Faça uma análise sincera dos aspectos da sua vida. Família, carreira, amigos, finanças, comportamento, saúde, hábitos e o que mais quiser. (esta informação vai na coluna 1 em quantas linhas forem necessárias).
2) Reflita sobre quais comportamentos, situações ou resultados que você vê no momento não te satisfazem. (esta informação ocupa a coluna 2 - O que eu gostaria de mudar.)
3) Tão importante quanto saber o que não quer, é saber o que quer. Como você gostaria que fosse cada aspecto da sua vida?
Por favor, seja realista. Se você nunca gostou de ciências, nunca estudou astronomia, tem claustrofobia e não fala inglês, não faz sentido você ter como objetivo ser um astronauta na NASA. Ao mesmo tempo, não se esqueça que o dono do KFC tinha 62 anos quando vendeu a sua primeira franquia. (esta informação ocupa a coluna 3.)
4) Quem te inspira em cada um desses aspectos? Leia biografias, faça perguntas e escute ativamente. Queira aprender e estude.
Se inspirar na Anitta não significa necessariamente que você quer cantar e dançar pelo mundo afora, mas claramente ela é referência de estratégia, determinação e iniciativa. E claro, não se esqueça de não é necessário ser famoso para ser inspiração. Admiro muito meus pais por várias superações que tiveram ao longo da vida que aposto que nem eles sabem que superaram tanta coisa (assim como você já superou também). Sugestão: que tal conhecer de verdade seus pais, seus tios, seus avós? Como se fossem novos amigos? (esta informação ocupa a coluna 4.)
5) Defina prioridades. Quem corre atrás de dois coelhos não consegue pegar nenhum.
Pode ser que você tenha muitas coisas para ajustar no seu caminho, mas certamente o planejamento, consistência e paciência precisarão te acompanhar para que transformações sejam permanentes.
6) Por fim, o que você pode aprender, desaprender, desenvolver e aprimorar inspirado nas boas práticas que você descobriu ao investigar as pessoas que te inspira? O que faz sentido você aplicar na sua vida também? (esta informação ocupa a coluna 5.)
O “benchmarking pessoal” é útil, mas é muito importante lembrar que cada pessoa é única e se inspirar não significa copiar ou projetar a vida de outro na sua. Mas, se alguém já inventou a airfryer não preciso mais fazer batata frita no óleo a não ser que eu queira. Entende? Nada é obrigatório, porém saber mais, abre um mundo de oportunidades. Saber mais, nos dá liberdade de escolha. Infelizmente o nosso valioso recurso tempo é escasso, então precisamos otimizar. Essa aplicação é uma das maneiras que podemos fazer essa otimização.
Uma vez que você construiu a sua “tabela bench pessoal”, começa a parte mais desafiadora que é descobrir a resposta para a pergunta fundamental: Como?! Ou, se quiser ser mais específico, “Qual a única coisa que eu posso fazer para alcançar esse objetivo em determinado tempo?”
Eu não estou falando que é fácil. Inclusive, eu constantemente me pego pensando e repensando. Mas, uma coisa te digo: se você começar a pensar e repensar já estará à frente de muitos e o mais importante, dando um primeiro passo para uma grande jornada.
Obrigada por ter acompanhado os meus devaneios até aqui, espero que de alguma forma eles façam sentido para você também.